Siemens traz ao Brasil estratégias da 4ª revolução industrial
Postado em: 29 / 10 / 2014
Siemens tem soluções para todas as etapas da indústria 4.0 para suas fábricas e para as fábricas dos clientes
Maria Edicy Moreira
A Siemens anunciou durante o PLM Connection 2014, realizado em outubro, em São Paulo, a chegada ao Brasil de sua nova divisão de automação industrial, indústria digital 4.0. As diretrizes da estratégia de alta tecnologia, indústria 4.0, com avançados processos de automação das plantas industriais e soluções para desenvolvimento e fabricação de produtos inteligentes, foi criada pelo governo alemão para incentivar as indústrias do país a alcançar a 4ª revolução industrial.
A Siemens já começou a adotar a estratégia indústria 4.0 (que chamou de indústria digital 4.0 ou digital industry 4.0) em uma de suas fábricas na Alemanha, Electronic Works Amberg (EWA, e pretende a automatização industrial a todas as fábricas do grupo que produzem sistemas eletrônicos, equipamentos industriais e equipamentos para o setor de energia. Além disso, a companhia se prepara para levar a estratégia indústria digital 4.0 aos seus clientes oferecendo uma solução completa de software e equipamentos industriais para a concepção de plantas industriais e produtos inteligentes.
André Felipe, diretor de marketing da Siemens PLM Software para a América Latina, disse que a Siemens está trabalhando para que em 2020 todas as suas unidades fabris sejam transformadas em indústria 4.0. Paralelamente a companhia trabalha em parceria com seus clientes para que suas fábricas também sejam transformadas em indústria digital 4.0.
Felipe: Siemens terá indústria 4.0 em suas fábricas e oferecerá a estratégia aos clientes
“Nossa meta é chegar a uma linha de produção totalmente automatizada, que seja capaz de se reorganizar para atender da melhor maneira possível às necessidades das engenharias de produto e produção. No futuro os elementos individuais de produção poderão se comunicar uns com os outros e tomar decisões independentes”, disse André Felipe.
A estratégia indústria 4.0 considera toda a cadeia de valores para garantir uma perfeita integração entre as tecnologias da informação, comunicação e automação, tornando a produção industrial mais eficiente, flexível e competitiva.
O novo conceito de automação industrial propõe mudar também os produtos fabricados nas plantas automatizadas. Delas sairão produtos capazes de aprender com o passado e se reconfigurar para atender às necessidades de seus usuários.
Os produtos inteligentes – ao contrário do que muitos pensam se tratar de produtos grandiosos e futuristas – já podem estar no nosso dia a dia. Um exemplo é a cafeteira citada por André Felipe. A maioria das marcas disponíveis no mercado já sabe pelo menos a diferença entre café e o cappuccino.
“O café bem tirado que temos hoje é fruto da combinação da eletrônica, mecânica, tecnodinâmica, sensores, microchips e placas de circuitos impressos que foram embutidos na cafeteira e trabalham harmoniosamente,” disse André Felipe. É claro que esse é só o começo da onda dos produtos inteligentes que, com a chegada da Internet das Coisas e outras, as tecnologias como as oferecidas pela Siemens PLM, as indústrias terão possibilidades infinitas de ampliar seu portfólio de produtos inteligentes.”
André Felipe falou também sobre o carro conceito inteligente que a Siemens está desenvolvendo em parceria com outras empresas e cinco institutos de acadêmicos. O objetivo do projeto é criar um carro autônomo (não precisa de motorista) com vários itens inteligentes e que seja capaz de aprender com o passado e se reorganizar para atender às necessidades específicas de seu dono. As inovações no carro começam pelas mudanças na eletrônica. “Estamos construindo um carro do futuro, trabalhando com a eletrônica do futuro, pois com o padrão decentralizado de hoje, ficaria difícil criar o carro do futuro.”
Veja no vídeo acima uma apresentação do projeto piloto do conceito indústria 4.0 na EWA
A Siemens está desenvolvendo em sua fábrica Electronic Works Amberg (EWA), na Alemanha, um projeto piloto de indústria digital 4.0. O objetivo da companhia é que no futuro as estratégias de indústria digital 4.0 que estão sendo desenvolvidas na EWA sejam replicadas em todas as fábricas do Grupo Siemens e também pelos clientes da companhia, guardadas as diferenças de cada indústria. A EWA produz mais de 1000 tipos de componentes eletrônicos para 60.000 clientes ao redor do mundo.
Os engenheiros e cientistas e gestores já automatizaram 75% da EWA e a meta é que quando a automação for concluída os produtos e componentes e máquinas sejam capazes de se comunicar entre si controlando a produção de forma totalmente automatizada e otimizada.
As indústrias que utilizarem a plataforma indústria digital 4.0 da Siemens terão à sua disposição uma rede de produção flexível com todas as informações e infraestrutura necessárias para desenvolver e fabricar produtos complexos e inteligentes e dar suporte quando esses produtos estiverem no mercado.
“A rede de produção 4.0 será capaz de integrar todas as operações globais da cadeia de valor do produto fazendo a união do planejamento virtual com a produção real do produto”, disse André Felipe. Segundo ele, a Siemens tem uma vantagem em relação aos concorrentes porque é uma empresa global de tecnologia com soluções nas áreas de software, máquinas-ferramenta, energia e de motores.
Joe Kaeser: A Siemens tem todas as soluções para a indústria 4.0 sob o mesmo teto
O CEO da Siemens, Joe Kaeser, disse que a Siemens é a primeira empresa do mundo a agrupar todos os recursos para a fábrica digital em baixo do mesmo teto. “Isso é ideal para fortalecer nossa indústria digital 4.0. A Siemens está apontando nossas estratégias para a fábrica digital e a nova divisão Digital Factory 4.0 vai continuar expandindo e ligação direta entre CAD, CAE, CAM e máquinas-ferramenta. Isso mostra a força dessa nova divisão que reforça nossa ideia da construção da empresa digital.”
André Felipe explicou que a plataforma digital da Siemens se baseia em 4 princípios:
1 – Usuário engajado – O usuário tem tem acesso à informação de que precisa, no momento em que precisa e no contexto de que precisa para que ele possa fazer o seu trabalho certo da primeira vez;
2 – Modelos inteligentes – Os modelos digitais inteligentes simulam a realidade facilitando a compreensão da inter-relação das informações ajudando a simular várias alternativas e validar soluções para problemas complexos ao longo de todo o ciclo de vida do produto.
3 Sistemas abertos – A tecnologia Siemens é baseada em sistemas abertos para que as indústrias possam implementar a fábrica digital sem ficar presas a um único fornecedor.
4 – Integração – Os produtos passam a ser idealizados e fabricados de mineira integrada.
Indústrias de processos
Pablo Roberto Fava, responsável pela área de automação industrial da Siemens, destacou que, além de oferecer soluções de PLM à indústria de manufatura, a Siemens oferece soluções às indústrias de processos como plataformas de exploração de petróleo, indústrias químicas, petroquímicas, entre outras.
A plataforma de softwares da Siemens para os setores de petróleo e petroquímico permitem criar o projeto da planta, fazer o planejamento e a engenharia de processos e de produção, além disso auxiliam no planejamento e execução dos serviços de manutenção da planta industrial.
Para implementar a indústria 4.0 no segmento de indústrias de processos, Pablo disse que a Siemens oferece tecnologias como teledinâmica de controles totais e comunicação complexa e extensiva para toda a planta, além de modelos digitais de plantas e configurações automáticas dos conceitos de segurança para que as indústrias de processos possam explorar as estratégias da indústria digital 4.0.
O que é a indústria 4.0 e similares
Veja no vídeo acima a visão da Siemens sobre a indústria 4.0 e os produtos inteligentes
Indústria 4.0 é uma estratégia de alta tecnologia criada pelo governo alemão para promover a digitalização da indústria de transformação (indústrias dos segmentos de manufatura e de processos). O objetivo dessa estratégia, que está sendo chamada de 4ª revolução industrial, é que as indústrias alemãs, como a Siemens, invistam em alta tecnologia para tornar suas fábricas inteligentes (Smart Factory), trazendo eficiência, flexibilidade e mais integração ao processo produtivo, além de mais facilidades de comunicação com os clientes e parceiros de negócios. Especialistas acreditam que indústria 4.0 ou a 4ª revolução industrial se tornará realidade em 10 ou 20 anos.
A Siemens tem duplo papel na indústria 4.0: além de trazer inteligência às suas dezenas de fábricas de equipamentos industriais, sistemas eletrônicos, motores e sistemas de energia, a empresa tem todas as soluções – equipamentos e softwares – para ajudar aos seus clientes a implantar a indústria digital 4.0.
Nos Estados Unidos uma iniciativa semelhante à indústria 4.0, denominada Smart Manufacturing Leadership Coalition (SMLC) tem como objetivo tornar as fábricas e seus produtos inteligentes. A estratégia está sendo desenvolvida por uma organização sem fins lucrativos formada por profissionais de produção, fornecedores e empresas de tecnologia; consórcios de fabricação; universidades; agências governamentais e laboratórios de pesquisa.
O objetivo dessa coligação é permitir que as partes interessadas da indústria de transformação se unam em torno de um projeto de pesquisa e desenvolvimento colaborativo, além de grupos de implementação e advocacia para o desenvolvimento das abordagens, normas, plataformas e infraestrutura compartilhada para facilitar uma ampla adoção da manufatura inteligente.
Também nos EUA, a GE vem trabalhando em uma iniciativa chamada The Industrial Internet. O objetivo, nesse caso, é reunir os avanços de duas revoluções transformadoras: a miríade de máquinas, instalações, frotas e redes que surgiram a partir da Revolução Industrial, e os avanços mais recentes em poderosos sistemas de computação, informação e comunicação trazidos à tona pela revolução da Internet. De acordo com a GE, em conjunto, estes desenvolvimentos irão reunir três elementos que encarnam a essência da Internet industrial: máquinas inteligentes, análise avançada e pessoas no trabalho.
