Internet das coisas: produtos inteligentes e conectados

Postado em: 08 / 11 / 2014

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Gladis Costa

“Se tivéssemos computadores que soubessem de tudo o que há para saber sobre coisas, usando dados que foram colhidos, sem qualquer interação humana, seríamos capazes de monitorar e mensurar tudo, reduzindo os desperdício, as perdas e os custos. Gostaríamos de saber quando as coisas precisarão de substituição, reparação ou atualização, e se elas estão na vanguarda ou se tornaram obsoletas”,  Kevin Ashton, fundador do Auto-ID center do MIT e criador da frase “Internet das Coisas”.

Era uma vez um produto físico. Esse produto continha informações analógicas que passaram por uma representação virtual e foi amplamente utilizada nas áreas de engenharia, chão de fábrica, serviços e manutenção, enfim toda a cadeia de valor. Esses dados, com o auxílio da web, tornaram este produto um item global e que precisa atender a requisitos variados de pessoas a países.

Essas demandas regionais e pessoais exigem grande capacidades de adaptação o que envolve um grande coeficiente de software embarcado.  Por que? Ora por que o software está em todo o lugar, não é físico, tem uma logística diferenciada, não precisa ser transportado, está não apenas no computador, mas praticamente em todas as coisas que usamos no dia a dia, celular, geladeira, carro.

Esses softwares tornam os produtos atualizados, seguros e mais que tudo, inteligentes – armazenam conhecimento – é como se tivessem uma função além daquela para a qual foi adquirido. Aliás, aquele produto físico lá do início, não conta só com software, mas também hardware, que cria uma fantástica interação usuário-produto, pois ambos coletam dados, podem fazer diagnósticos, capturam informação relevante que é levada ao fabricante e analisada, para que o usuário possa ter uma experiência melhor, mais rica, mais segura. Imagine o quanto de software embarcado existe dentro de um carro.

Essas informações têm o objetivo de promover ações proativas ou preditivas que fazem com que o fabricante – não o cliente – se preocupe com a forma com que este produto será utilizado ao longo de seu ciclo de vida. É como se o fabricante chamasse para si a responsabilidade pela manutenção e suporte ao produto antes de o usuário precisar do serviço. Nosso produto físico está ficando inteligente e conectado – seja a uma central, fabricante ou a um provedor de serviços, evidentemente com o uso de um bom sistema de hardware e software e todas as suas mais recentes versões.

Uma vez que os fabricantes agregam valor através de produtos inteligentes, novos modelos de negócios com foco em serviços surgem no mercado. Esse processo, conhecido como servitização, gerou uma mudança fundamental nos modelos de negócios na qual os produtos evoluem para “pacotes” integrados de serviços capazes de proporcionar novos valores ao longo do ciclo de vida da experiência do cliente.

Se antes os serviços agregavam valor aos produtos, os produtos são agora meros intermediários para uma extensa gama de serviços/ofertas que geram um contínuo fluxo de caixa para indústrias de qualquer segmento. Um exemplo comum é nossa TV, praticamente um item sem função se não contar com um serviço de TV a cabo pelo qual posso ter acesso a lazer. Claro que esses aparelhos se tornam cada vez mais sofisticados, mas ainda assim, são meros receptores de imagens que são enviadas por um provedor, ou seja, é serviço. Pagamos por isto. A televisão pode ser paga à vista, mas a conta da TV a cabo é um serviço contínuo. Olhe sua fatura e veja quanto você comprou de serviços extras nos últimos tempos.

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Uma vez que os fabricantes buscam oferecer mais valor com produtos cada vez mais inteligentes, eles também adicionam conectividade a esses itens. A Gartner, consultoria de tecnologia, prevê que até 2022, cada casa terá mais de 500 produtos conectados.

Isso envolve uma rede disseminada de “coisas” com sensores integrados e endereçáveis individualmente para possibilitar monitoramento, controle e comunicação sofisticados. Ora, se esta previsão se concretizar, 500 produtos vão ter que nascer com um DNA, um IP que se conecte a outros, criando um nicho de mercado que tem início no desenvolvimento de produtos e que envolve uma oferta de serviços ao longo da vida.

Como isso acontece? Agora, entramos no ambiente da Internet das Coisas, um novo mundo, quer dizer, não tão novo assim na realidade. Esse ambiente tem aspectos muito importantes: Transforma o modo como os produtos são feitos.

É preciso planejar e desenvolver plataformas flexíveis que permitam que personalização, serviços com valor agregado e aperfeiçoamentos em produtos sejam entregues remotamente antes e depois do lançamento do produto no mercado. Também é preciso pensar na complexidade criada pela combinação de processadores, sensores, software, interfaces do usuário e conectividade para entregar uma experiência muito simples e rica ao usuário, transformando o modo como a manutenção dos produtos é feita.

Talvez o mais importante desses três pilares seja a transformação dos modelos de negócio: os fabricantes devem repensar os processos para maximizar o retorno ao longo da vida útil do produto, e não apenas até o ponto de venda. Precisam fazer o planejamento tendo em vista a complexidade cada vez maior do ecossistema de parceiros e fornecedores e considerar as oportunidades e ameaças criadas. Necessitam capturar e analisar dados de produtos para prever as necessidades de manutenção dos produtos e os desejos dos usuários por serviços e recursos adicionais. Para isso precisarão ainda agregar novos parceiros aos seus negócios, tudo para agradar seu precioso ativo: nós, que compramos seus produtos e valorizamos sua marca.

A Internet das coisas é uma relação ganha-ganha extremamente atraente. Ganham fabricantes que têm a oportunidade de desenvolver, vender, operar e dar suporte a seus produtos de uma forma rápida e amigável, e ganha o usuário que tem a vantagem de comprar um produto com serviços que ele nem imagina. E o melhor, esse produto pode economizar nosso tempo, ajudar a gerenciar nossa saúde, monitorar o óleo do nosso carro, gerenciar nossas câmeras de segurança e manter nosso produto sempre atualizado. Olha aí a proteção ao investimento.

Conectar coisas que conversam entre si e enviar as informações a uma “nuvem” é uma atividade sem fim e aberta à criatividade do mercado e do ser humano que já começou a acontecer. Dizem que o céu é o limite, mas a nuvem – o grande repositório de todas essas informações – não tem limite.

Gladis Costa é gerente de comunicação da PTC para a América Latina

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