Relatório Arup prevê total reconfiguração da indústria

Postado em: 15 / 07 / 2015

Siemens Electronic Works em Amberg, Alemanha, é exemplo de fábrica do futuro

Siemens Electronic Works em Amberg, Alemanha, é um exemplo de fábrica do futuro já em operação

Colaboração entre humanos e robôs, materiais autolimpantes e autorreparáveis, customização em massa e impressão 3D anunciam a chegada de uma “idade de ouro” para a indústria do futuro. Essa é a previsão da Arup, empresa global de engenharia de projetos com grande atuação no Brasil, que acaba de publicar o relatório “Repensando a Fábrica” no qual faz várias considerações sobre o futuro da produção industrial.

O estudo explora as tendências, os processos e as tecnologias que estão transformando o cenário da indústria. Examina, por exemplo, como a introdução da impressão em 3D, dos materiais autolimpantes e autorreparáveis, além da colaboração humano/robô, levarão a uma produção mais rápida, mais eficiente e ambientalmente sustentável.

Homem, máquinas e materiais

Enquanto muitos acreditam que os robôs irão substituir os humanos nas fábricas do futuro, o relatório, desenvolvido pelo grupo da Arup “Foresight + Research + Innovation” e pelas outras equipes da empresa nas áreas de ciência e indústria, sugere que a colaboração entre os dois será fundamental.

A integração de câmeras e sensores inteligentes já permite que os robôs se adaptem ao ambiente externo se tornando cada vez mais intuitivos, aumentam a sua capacidade de inferir em uma tarefa integral após esta ser mostrada apenas em parte, permitindo que os trabalhadores sejam “supervisores” dos robôs, operando máquinas e controlando processos de produção inteligentes, tais como gestão de programas e sistemas e análise de dados, em vez de participar do trabalho manual.

Layout da fábrica da Nestlé mostra como será a fábrica do futuro

Layout da fábrica da Nestlé mostra como será a indústria modular do futuro

O tecnicismo crescente das fábricas vai significar que os funcionários com habilidades em ciência, tecnologia, engenharia e matemática serão especialmente procurados, agravando a escassez internacional de trabalhadores altamente qualificados, prevista para chegar a 40 milhões até 2020, de acordo com o McKinsey Global Institute.

Além das máquinas, novos materiais têm o potencial de melhorar o processo de produção e aumentar o desempenho do produto. Uma variedade de materiais autolimpantes e autorreparáveis estão sendo desenvolvidos – tal como o plástico bioinspirado, que replica a resistência, durabilidade e versatilidade de cutículas naturais de insetos, reparando danos sem intervenção humana. Estas tecnologias irão estender a vida útil de bens manufaturados e reduzir a demanda por matérias-primas.

Big data, tecnologia e impressão 3D

A utilização da impressão 3D – ou, mais precisamente, fabricação aditiva – permitirá que a fabricação de produtos e componentes seja mais móvel e dispersa. As fábricas serão, portanto, suscetíveis a se tornarem mais variadas e próximas do consumidor, incluindo o surgimento de espaços não tradicionais, tais como pequenos escritórios no centro da cidade. Isto irá permitir que a produção se localize mais próxima aos consumidores, reduzindo os custos de transporte e as emissões de poluentes.

Inteligência baseada em big data, análises avançadas e a Internet das Coisas irão criar novas oportunidades para a vantagem competitiva. A análise dos dados irá revelar percepções detalhadas de clientes, identificar novas oportunidades antecipadamente e oferecer novos produtos e projetos ao mercado mais rapidamente. Impressão em 3D e tecnologias digitais também vão tornar esta customização em massa mais rápida, fácil e acessível.

Veja no gráfico acima como foi a evolução das indústrias ao longo do tempo

Veja no gráfico acima como foi a evolução da indústria ao longo dos séculos

Espaços resistentes e adaptáveis

A flexibilidade será fundamental para enfrentar as novas exigências dos consumidores e mudar as tendências do mercado. Fábricas serão adaptáveis, com técnicas de construção modular para permitir reescalonamento eficiente e diversificação da produção em vários locais. Isso também irá permitir que a energia, o consumo de água e o material consumido sejam gerenciados de forma mais eficaz em um mercado cada vez mais restrito, criando um ambiente mais adequado para atender às múltiplas necessidades da força de trabalho altamente qualificada da indústria do futuro.

Usando ferramentas como o Building Information Modeling (BIM) no projeto das fábricas, o planejamento e a gestão irão desempenhar um papel fundamental permitindo que os fabricantes previnam e mitiguem problemas baseados no acesso aos recursos, escolhas de localização, riscos climáticos e necessidades de transporte.

O projeto de uma fábrica também será mais focado na experiência do consumidor, utilizando o local como um showroom. O conceito de “fábrica transparente” vai ganhar importância crescente à medida que mais pessoas se envolvam na fabricação de produtos ou pelo fato de elas esperarem uma visão mais próxima da forma como os produtos são fabricados, especialmente em um nível personalizado. A oportunidade para os proprietários e operadores de fábricas reside na adaptação dos seus espaços existentes para permitir que esses tipos de experiências ocorram.

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Fábrica sustentável da Jaguar Land Rover tem luz natural, energia solar entre outras inovações

De acordo com Ricardo Pittella, diretor da Arup no Brasil, “A convergência entre os mundos físico e digital traz novos desafios e oportunidades para as indústrias. Elas têm de continuar a adaptar e adotar novos processos mais rapidamente do que nunca. Nesse sentido, o Relatório da Arup antecipa diversas tendências do setor industrial, da mesma forma que já realizamos previsões sobre o futuro das rodovias e das ferrovias. Somos uma empresa global e multidisciplinar, e é uma honra colaborar com esse processo”, afirma Pittella.

Para saber mais sobre o Relatório Arup acesse: http://bit.ly/1I3Ige1

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