Alpinista e biofísico do MIT cria próprias próteses e volta a escalar

Postado em: 23 / 02 / 2014

Hugs Herr (à esq.) ao lado de Rick Chin, diretor de inovação de produtos da SolidWorks

Hugh Herr (à esq.) ao lado de Rick Chin, da SolidWorks, mostra proteses na SolidWrosk World 2014

Maria Edicy Moreira

A SolidWorks World 2014, realizada em San Diego (CA) trouxe entre seus convidados especiais personalidades como o engenheiro, biofísico e alpinista Hugh Herr, que veio ao palco contar como a tecnologia e seu espírito de superação mudaram sua vida.

Em 1982, o então alpinista Herr perdeu as duas pernas abaixo dos joelhos depois de enfrentar uma tempestade de neve por três dias durante uma escalada na Mount Washington, pico mais alto do Nordeste dos Estados Unidos, com 1.917 m, no estado de New Hampshire. Ao invés de se resignar a uma vida longe das montanhas, Herr projetou suas próprias próteses movidas à bateria que lhe trouxeram de volta a habilidade não só de caminhar, mas de continuar fazendo o que mais gosta: escalar montanhas.

Com bacharelado em Física pela Universidade de Millersville, mestrado em Engenharia Mecânica pelo MIT, e Ph.D. em Biofísica pela Universidade de Harvard, Hugh Herr atua como chefe do Center for Extreme Bionics e fundou sua própria empresa, BioM, especializada na concepção e pesquisa de próteses inteligentes e exoesqueletos.

Veja no vídeo acima os melhores momentos da apresentação de Hugs Herr na SolidWorks World 2014

Hugh tem a visão do mundo no qual não há coisas como deficiência debilitante, ele acredita e está ajudando a construir um mundo em que próteses e exoesqueleto se tornam um modo de transporte todos os dias para. “Estou no negócio do transporte”, Hugh brincou.

Apresentadas com a marca BioM, nome da empresa que Herr criou para gerir seus negócios, as próteses são bem diferentes das que estamos acostumados a ver. Equipadas com baterias, elas imitam os movimentos dos membros naturais, impulsionando a pessoa naturalmente e adaptando-se à velocidade de caminhada de uma pessoa normal e ao terreno. A fonte de energia reforça simultaneamente a estabilidade e o controle de fadiga permitindo ao usuário caminhar como se tivesse pernas naturais.

Para demonstrar o poder das próteses desenvolvidas pela BioM, Hugh veio à SolidWorks World com as suas próprias com as quais caminhou e pulou no palco e também apresentou um vídeo em que um soldado americano que combateu no Iraque e teve as duas pernas amputadas escala uma colina com as próteses BioM sem perder o fôlego. Bem-humorado, Hugh Herr disse que às vezes se autodenomina “Ferramenta de poder glorificado”.

Hugh Herr e a modelo e atriz Aimee na foto em que aparecem na capa da revista War

Hugh e a atleta, modelo e atriz Aimee aparecem na capa da revista Wired usando proteses criadas por ele

Combinando as tecnologias de CAD, impressão em 3D e neurobiologia, Herr foi capaz de criar uma tecnologia que lhe permite circular livremente todos os dias e continuar praticando escalada. “A vantagem é que com as próteses BioM eu posso ajustar a minha altura como quiser.”

Apesar de todos os avanços que já alcançou no mundo das próteses, Herr mostra que seu desejo de evoluir é quase infinito. Ele contou que seu laboratório está criando exoesqueletos para trazer mobilidade extra aos atletas com membros naturais (não amputados) e para que as pessoas normais possam treinar em diferentes terrenos sem arruinar suas articulações.

Herr concluiu sua apresentação mostrando a capa da revista Wired na qual aparece ao lado de Aimee Mullins, atleta, atriz e modelo americana com dupla amputação e larga experiência no uso de próteses. Ela tem mais de uma dúzia de pares de próteses que ela chama de pares de pernas, inclusive as da BioM com as quis aparece na capa da revista Wired junto com Hugh Herr. Ele disse que a foto na capa da Wired mostra a sua aceitação e o orgulho de sua deficiência que lhe permitiu alcançar incríveis proezas atléticas.

Entenda as próteses BioM

A BioM é a primeira prótese de membro inferior a fornecer propulsão biônica. Três computadores, uma matriz de sensores e um motor fornecem a energia necessária para que o usuário se mova mais rápido, com mais suavidade e menos esforço. Também a prótese BioM oferece uma amplitude de movimento substancialmente maior (24 graus) do que as próteses tradicionais passivas, o que ajuda em morros e escadas.

Hugh Herr recupera os prazer de escalar graças às próteses criadas por ele

Hugh Herr recupera os prazer de vencer os desafios da escalada graças às próteses concebidas por ele

Para uma pessoa com amputação de membros inferiores, as próteses BioM emulam o músculo da panturrilha e tendão de Aquiles perdidos. Também imitam a rigidez da modulação permitindo que os músculos da perna desacelerem o corpo na planta do calcanhar. A modulação da rigidez desempenha um papel importante na estabilização dos usuários das próteses BioM na descida de morros e escadas.

Os movimentos do joelho natural do usuário funcionam como um gerador de energia adicional para próteses. Herr contou que a energia armazenada na bateria lhe permite caminhar aproximadamente 3.000 passos. Além disso, por ser ajustável a cada indivíduo, as próteses BioM são capazes de atingir a marcha e consumo de energia natural de uma pessoa não amputada, podendo inclusive documentar a marcha em um relatório que poderá ser usados pelas seguradoras que cobrem gastos com próteses.

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