BIM pode ajudar indústria da construção a vencer a crise

Postado em: 16 / 09 / 2015

Paul Sullivan:BIM permite tomar decisões melhores e mais rápidas

Paul Sullivan:BIM permite tomar decisões melhores e mais rápidas

Paul Sullivan

O setor de construção civil enfrenta uma crise severa no Brasil. A rentabilidade do mercado caiu 80%, de 11% em 2013 para 2% em 2014. O setor prevê cerca de 480 mil demissões em 2015 e os lançamentos de novos empreendimentos recuaram 18% só no primeiro semestre do ano, de acordo com o Sinduscon. Por um lado, a população não está segura em investir na compra de seu imóvel. Com esse cenário fica evidente que o setor precisa se reinventar.

A questão é que grande parte das empresas de construção civil no Brasil utilizam os mesmos processos há pelo menos 30 anos. Dessa forma é comum (e até esperado) que haja problemas durante a obra e, até após sua conclusão. Quando são detectadas falhas de construção, muitas vezes com necessidade de refação e gastos desnecessários. Está mais do que na hora de as construtoras e arquitetura reverem os processos de concepção e gestão ao planejar novos empreendimentos. Assim, a tecnologia é uma importante aliada.

Uma forma de repensar a gestão da obra é a implantação da metodologia Building Information Modeling – BIM. Com ela é possível prever desde o projeto inicial até detalhes que podem impactar o cronograma de obra. Além disso, pode-se ter mais acuracidade quanto ao uso de materiais e mesmo os custos envolvidos, levando em conta desde detalhes de logística até o aproveitamento de mão de obra em campo.

Com esse processo as empresas de construção e arquitetura podem ir além do projeto com ferramentas que proporcionam melhores resultados de negócios. É possível prever, desde a concepção inicial, os detalhes que podem afetar o cronograma de trabalho. Além disso, pode-se ter mais acuracidade quanto ao uso de materiais e mesmo dos custos envolvidos, levando em conta desde detalhes de logística até o aproveitamento de mão-de-obra em campo. Em essência, a tecnologia BIM permite tomar decisões melhores e mais rápidas.

É verdade que a implementação da tecnologia BIM leva tempo e exige dinheiro e paciência, mas os ganhos provenientes do investimento podem ser realizados, tanto no curto e longo prazos, por meio da competitividade, qualidade do trabalho e redução de custos. Alguns estudos apontam que a solução baseada em BIM é capaz de gerar economias de 20% em tempo e dinheiro.

BIM permite prever desde a concepção inicial até detalhes que podem afetar o cronograma  da obra

BIM permite prever desde a concepção inicial até detalhes que podem afetar o cronograma da obra

A adoção do BIM no Brasil não é uma novidade: algumas empresas já têm utilizado, porém, poucas são as que utilizam a total capacidade da tecnologia. Geralmente aplicam apenas nas fases de desenvolvimento do projeto. Ainda assim os resultados são significativos. Recentemente a CCDI (Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário) foi além e levou o processo para o campo de obra por meio de tecnologia baseada na nuvem e passando a gerir a construção em campo.

Funcionários envolvidos na construção precisam ter acesso aos projetos e modelos a partir de qualquer dispositivo, sejam eles no escritório ou no local da obra. Modelos 3D com riqueza de dados criadas dentro de um fluxo de trabalho BIM estão cada vez mais sendo usados em canteiros de obras, em vez dos grandes rolos tradicionais de plantas. O uaso de um modelo BIM em um canteiro de obras (por meio de um tablet) vai ajudar a CCDI e outras empresas para aumentar a precisão, reduzir o retrabalho e custos, gerando mais sustentabilidade, segurança e produtividade.

Resultado: a CCDI saiu à frente no que diz respeito ao uso de tecnologia para seus empreendimentos e com isso pode contornar questões que impactariam o projeto controlando custos e o cronograma da obra com mais precisão. Com tanto êxito, a CCDI agora vai expandir o modelo de gestão de obra, utilizando BIM, em outros empreendimentos.

É chegada realmente a hora de se reinventar. O cenário se abre para um campo mais competitivo, cuja performance será ainda mais cobrada. Investir em momento de crise não é fácil, mas é uma porta importante a ser cruzada para que as construtoras e empresas de arquitetura ofereçam inovação e qualidade. Um exercício para entender a importância desse, que é talvez o primeiro passo para o futuro, é pensar em como a construção será nos próximos 30 anos. Sem esquecer que o futuro está além da crise atual. Quem se reinventar mais rapidamente irá ganhar mercado.

Paul Sullivan é evangelista de tecnologia da Autodesk para América Latina.

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