Indústria brasileira depende de inovação e exportação

Postado em: 12 / 05 / 2015

Mario Belesi Júnior

Mario Belesi Júnior

Mario Belesi

A indústria brasileira vem enfrentando um momento de grandes desafios. Uma das principais soluções adotadas pelos empresários para enfrentar este momento tem sido investir intensamente em tecnologias de ponta para trazer o dinamismo econômico que o Brasil precisa para competir com outros mercados mundiais.

Hoje, a produção nacional é 7% inferior à de agosto de 2008 – período anterior à crise econômica global. Segundo o IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria da transformação está negativo. Além disso, a competitividade foi prejudicada por uma moeda valorizada por um longo período, por taxas de juros elevadas e por outros fatores que conhecemos.

Por isso, nos últimos anos, a indústria brasileira recuou no cenário internacional devido à sua baixa capacidade de inovação e, consequentemente, baixa competitividade com produtos realmente inovadores. O reflexo disso são países emergentes como Índia, China e Coreia do Sul ultrapassando o Brasil.

No ranking mundial, a participação da indústria brasileira encontra-se em 11º lugar, com apenas 1,6% do valor agregado. Em 1980, o Brasil estava na 7ª posição e respondia por 2,7% do valor agregado. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2013, as exportações totais do Brasil correspondiam a 1,3% do volume mundial, ocupando a 22ª posição. Já em produtos manufaturados, o Brasil era o 31º exportador, com 0,7% das exportações mundiais.

Pesquisas internacionais da Dassault Systèmes indicam que a tecnologia é a melhor alternativa para que as indústrias consigam reverter esses resultados negativos. A redução de custos é um dos grandes objetivos de setores como engenharia e operações, pois seu impacto dentro da cadeia de valor é certamente notado quando aliado a processos inteligentes de desenvolvimento de produtos.

Com o uso de sistemas especiais e de engenharia simultânea é possível criar novos produtos em menos tempo, ser mais assertivo no design e no desenvolvimento e produzir de forma mais competitiva, otimizando os investimentos. Optar por soluções tecnológicas é um grande passo para o Brasil voltar a concorrer, de igual para igual, com outros países que estão investindo em soluções que trazem inovações para suas indústrias. Paralelo a isso, o Governo deve fazer a sua parte.

Sem tecnologia, as indústrias brasileiras estão tendo muito retrabalho, pois só descobrem erros de projeto no momento da produção. Esse ciclo vicioso faz com que a performance caia pelo menos 30%, encarecendo os produtos “Made in Brazil”. O foco na redução do desperdício dentro do ciclo de projeto traz inúmeros benefícios como, por exemplo, melhorias contínuas no produto e inovações, fatores primordiais para aumentar a competitividade da indústria brasileira.

Se até 2014 o mercado demonstrava certa instabilidade por conta de processos sociais, políticos e econômicos do Brasil, as companhias já estão se adaptando ao novo cenário. Neste momento o mais importante é ter a consciência de que é fundamental que as empresas estejam preparadas para enfrentar os próximos desafios, estando bem posicionadas quando o mercado retomar seu crescimento.

O desafio agora é elevar o crescimento do setor industrial e obter um dinamismo superior à média da economia mundial. Para sustentar esse desenvolvimento é necessário abandonar a postura defensiva e adotar uma visão global e que permita a abertura para os mercados globais.

Sendo assim, vários países emergentes que estão obtendo sucesso têm investindo em tecnologia para desenhar e testar produtos antes mesmo da linha de montagem. Com sistemas de ponta e informações completas sobre os projetos, as indústrias têm elementos para antecipar as mudanças em seus processos de desenvolvimento e fabricação, evitando atrasos que custam caro e impactam seriamente a qualidade do produto final, assim como seu custo de produção.

Para que o Brasil consiga mudar o cenário atual de sua indústria é fundamental uma política industrial com atributos de inovação que estejam articulados com a nova política de comércio exterior. Com isso as importações e exportações aumentarão, favorecendo inserção da produção brasileira na cadeia global de valor. Só assim a indústria nacional poderá acompanhar o desenvolvimento tecnológico que está acontecendo nos países desenvolvidos e que começa a fazer parte do cotidiano das indústrias locais que buscam a expansão de seus parques fabris.

Não temos dúvidas de que a indústria brasileira tem condições de competir de igual para igual com qualquer país, mas para isso precisa exportar produtos manufaturados e não apenas matérias-primas. O investimento em tecnologia aprimora projetos e acelera o tempo de produção, reduzindo custos e aumentando, consequentemente, a cadeia de valor. O Brasil é um país de grandes oportunidades e temos todas as condições para brilhar no cenário mundial.

Mario Belesi é diretor da Dassault Systèmes, responsável pela marca SolidWorks na América Latina

 

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