Siemens debate indústria 4.0 e apresenta soluções para chegar lá

Postado em: 13 / 11 / 2015

Uma visão do futuro da indústria de automóveis mostra produção do Golf VII em feira na Alemanha

Maria Edicy Moreira

As novas tecnologias que estão surgindo no ambiente industrial como big data, computação na nuvem, impressão 3D e Internet das coisas prometem alterar definitivamente a forma como os produtos são desenvolvidos, fabricados e utilizados. Essas novidades têm gerado debates em torno do conceito que já vem sendo chamado de indústria 4.0, industria digital ou 4ª revolução industrial, cuja proposta é colocar todas essas inovações tecnológicas a serviço da indústria para viabilizar o desenvolvimento e a produção de produtos inteligentes e conectados.

As indústrias de softwares estão entre as mais interessadas nesse debate, pois serão elas que irão abrir caminho como fornecedoras de soluções para a adoção dessas novas tecnologias visando à concretização da indústria 4.0, que baseia-se na Internet das Coisas e em serviços digitais, que no futuro fará com que os  mundos físico e virtual se fundam em um sistema holístico. No Brasil a Siemens PLM é uma das empresas que vêm liderado esse debate investindo em eventos como o Siemens Industry Symposium – Realize Innovation, que aconteceu no final de outubro de 2015, em São Paulo e Porto Alegre.

Durante o evento a empresa apresentou sua Plataforma para Inovação Inteligente, solução que tem como base o software PLM, Teamcenter, e outras soluções para controle de todas as fases do ciclo de vida de produto. Seu objetivo é apoiar as indústrias na sua caminhada rumo à indústria 4.0, para que se mantenham competitivas e capazes de atender às novas demandas dos consumidores que exigem produtos de alta qualidade e ofertas personalizadas em intervalos de tempo cada vez menores.

Outra solução da Siemens para a indústria 4.0 está sendo preparada por sistemas como o Siemens Totally Integrated Automation (TIA) Portal e Tecnomatix, um programa de desenvolvimento de produto que projeta e simula uma linha de montagem. Os modelos digitais da linha de montagem também podem ser usados ​​para simular e otimizar os processos de logística e produção.

Modelos digitais da linha de montagem podem ser usados ​​para simular e otimizar a logística e a produção

Com uma programação destinada a diretores e gerentes das áreas de engenharia, manufatura, produção industrial e tecnologia da informação, o Industry Symposium – Realize Innovation trouxe ao Brasil o vice-presidente global de estratégia de vendas, marketing e serviços da Siemens PLM, Dave Shook, para enfatizar a visão da companhia em relação às inovações para a indústria 4.0.

Ele abordou temas como as mudanças que estão acontecendo no chão de fábrica que começa a receber células inteligentes capazes de reconhecer múltiplas e diferentes ordens de produção e executá-las sem erros. A Siemens apresentou durante a Feira de Hannover 2014, na Alemanha, uma amostra de como será a digitalização do chão de fábrica do futuro mencionada por Shook.

A companhia apresentou como exemplo uma célula de produção executando os processos de pintura e instalação de portas do Volkswagen Golf VII. O objetivo era mostrar a relação entre as portas e a carroçaria do automóvel durante a produção. Nesse processo as partes se unem para assegurar que os parâmetros entre elas estão corretos e, depois da verificação, elas são separadas e as portas são enviados para uma oficina de pintura com um revestimento que coincide com a cor da carroçaria.

Depois de executadas as etapas de pintura e acabamento, carroçaria e portas voltam a se encontrar e se reconhecem como num passe de mágica. Isso acontece com a ajuda de chips de identificação por rádio frequência. Estes chips eletrônicos se comunicam uns com os outros e, assim, sabem exatamente quais componentes devem unir. Para que isso aconteça, scanners leem os chips e transmitem os dados aos robôs que irão juntar carroçaria e portas. Os robôs também podem tomar decisões para corrigir erros como um furo em posição errada, por exemplo.

Shook chamou a atenção também os benefícios que esses processos industriais inteligentes e conectados trazem ao desenvolvimento e fabricação de produtos, reduzindo drasticamente os custos e o tempo para colocação de novos produtos no mercado. Ele observou que alguns anos atrás a indústria automobilística levava até sete anos para colocar um novo carro no mercado, hoje elas desenvolvem um novo modelo em menos de um ano.

O executivo comentou ainda sobre as inovações que começam a acontecer nos processos de fabricação como a combinação de manufatura rápida (impressão 3D) com usinagem. Produtos ou peças e componentes serão construídos por camadas, em impressoras 3D, e depois terão o acabamento realizado por centros de usinagem computadorizados.

Veja algumas conclusões da pesquisa sobre indústria 4.0 realizada pela Siemens e Fundação Dom Cabral

O Siemens Industry Symposium – Realize Innovation contou ainda com um painel em que executivos debateram os processos de digitalização da indústria e a colaboração entre as áreas de TI e engenharia nas empresas brasileiras.

Para posicionar o mercado sobre o atual estágio da indústria nacional em relação à adoção das inovações propostas pela indústria 4.0 foi apresentado um estudo com 250 empresas brasileiras realizado pela Siemens em parceria com a Fundação Dom Cabral.

O estudo mostrou que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em direção à digitalização total das indústrias. Apesar de algumas empresas já terem iniciado o processo, a maioria ainda precisa superar barreiras culturais como o medo da espionagem e buscar recursos financeiros para reorganizar suas estruturas físicas e de negócios para efetivamente serem chamadas de Indústria 4.0.